E nasceu o homem,
filho desnecessário da desvirtude.
Apontou o dedo para o céu
e lá viu e contou as estrelas,
banhou-o a chuva meteórica...
Não resistiram ao seu enumerar.
Fechou o olhos
e cortou o céu com os dedos,
do boreal ao austral.
Varreu as estrelas das suas posições
rasgando o céu em duas metades.
E abriu precedentes.
Elas se entreolharam.
Por fim, dormiu o homem
justo e consciente do seu pecado.
Protegeram cada uma sua metade,
imputaram seus próprios desejos,
brindaram cada uma sua vitória,
perderam cada uma sua batalha.
Abriu o olho esquerdo e viu a chama,
voltou-se para a fenda do céu.
Suspirou largamente e riu-se.
Ressonou com um olho aberto.
Em cinzas converteu-se todo o ocidente.
As florestas correram descabeladas.
Não queria acreditar na chama,
fechou o olho e descansou.
Mais uma vez caíram do céu
tentando salvar o que lhes restaram.
Silenciosa, a bomba estourou
e o vento mutilou o seus cabelos.
Abriu os olhos para o rasgo do céu,
lá viu a verdade e cegou-se.
Queria costura-lo com as lágrimas,
pressionou com as mãos, mas não...
A verdade era intragável,
a fenda abriria-se um dia ou outro.
Ele só apressara o inevitável.
Só olhou para o olho que já o olhava.
Fechou o olho esquerdo,
o oriente já era um deserto.
Desesperou em estrelas cadentes,
queria ser senhor de um reino já reinado.
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